APÊNDICE 6.6 - Medição da Utilização da Capacidade
I. Medidas Convencionais de Utilização da Capacidade
II. Uma Nova Abordagem para Medir a Utilização da Capacidade
APÊNDICE 6.6 - Medição da Utilização da Capacidade
A análise da taxa de lucro exige que se distinga sua tendência estrutural das flutuações decorrentes de ciclos e choques. O passo fundamental aqui é distinguir entre a capacidade econômica e a produção econômica, sendo esta última vinculada à primeira pela taxa de utilização da capacidade.
É importante, desde o início, distinguir entre “capacidade de engenharia”, que é a produção máxima sustentada possível durante um determinado intervalo de tempo, e “capacidade econômica”, que é o nível desejado de produção a partir de uma determinada planta e equipamento. Por exemplo, pode ser fisicamente viável operar uma planta por 20 horas por dia, 6 dias por semana, totalizando 120 horas semanais de capacidade de engenharia. No entanto, pode ocorrer que os custos potencialmente mais altos de se operar com segundo e terceiro turnos façam com que o ponto de menor custo seja compatível apenas com um único turno de 8 horas por dia, cinco dias por semana (ou seja, 40 horas por semana). Esse ponto de menor custo define a capacidade econômica — o nível de produção de referência da firma — que, neste exemplo, representaria uma taxa de utilização de 33,3% da capacidade de engenharia (capítulo 4, seção V). Uma produção persistentemente abaixo desse nível sinalizaria a necessidade de desaceleração no crescimento planejado da capacidade, enquanto uma produção persistentemente acima dele sinalizaria a necessidade de acelerar o crescimento da capacidade (Foss 1963, p. 25; Kurz 1986, pp. 37–38, 43–44; Shapiro 1989, p. 184) [1]. A taxa de utilização economicamente desejada é sempre a variável-chave.
[1]: Em um sistema em crescimento, os ajustes ocorrem por meio de mudanças nas taxas relativas de crescimento.
A capacidade econômica também é diferente do “produto de pleno emprego”². Como ambas as medidas têm sido rotuladas como “produto potencial”, é importante distingui-las. Embora a teoria econômica padrão normalmente pressuponha que a plena capacidade e o pleno emprego ocorrem simultaneamente, na prática não há razão para supor que a produção na capacidade econômica levaria ao pleno emprego da força de trabalho existente. De fato, nas tradições clássica, keynesiana e kaleckiana, as duas são distintas mesmo em nível teórico (Garegnani 1979).
I. Medidas Convencionais de Utilização da Capacidade
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