GNOS, Claude; ROCHON, Louis-Philippe (eds.). The Keynesian Multiplier. Londres: Routledge, 2003.
INTRODUÇÃO
A análise do multiplicador é um foco central da macroeconomia keynesiana e kaleckiana. É a base sobre a qual grande parte da teoria keynesiana e pós-keynesiana sobre emprego e demanda agregada está fundamentada. É, em particular, o que confere forte validade às políticas fiscais ativas, cujo objetivo é reduzir o desemprego e aumentar o crescimento econômico.
Naturalmente, a tradição do multiplicador pós-keynesiano é herdada de Keynes, cuja Teoria Geral permanece, com todas as suas falhas, um ponto central da macroeconomia pós-keynesiana. Na Teoria Geral, Keynes rompeu com duas regras fundamentais da economia “clássica”: primeiro, a economia “clássica”, como Keynes denominou o que hoje chamaríamos de teoria neoclássica, argumenta que a poupança cria o investimento e que o investimento só pode ser financiado através de poupança ex ante. Em segundo lugar, a poupança e o investimento são equilibrados por variações na taxa de juros: em uma situação de excesso de poupança, uma redução na taxa de juros diminuiria a poupança, mas aumentaria o investimento, equilibrando assim os dois.
Na Teoria Geral e posteriormente, portanto, Keynes abandonou essas noções. Primeiro, situado no tempo histórico, o investimento, financiado pelo crédito bancário, gerava a poupança: o investimento precedia logicamente a poupança. Em outras palavras, o investimento não é financiado pela poupança, e a falta de poupança nunca pode, portanto, restringir o investimento: “O mercado de investimento pode se tornar congestionado pela escassez de dinheiro. Ele nunca pode se tornar congestionado pela escassez de poupança” (1973, p. 222; veja Rochon, 1997, para uma discussão sobre o motivo financeiro de Keynes e o papel específico dos bancos).
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