terça-feira, 29 de agosto de 2023

Salários, Desemprego e Estrutura Social: uma nova curva de Phillips - Anwar Shaikh

Shaikh, Anwar. 2013. Wages, unemployment and social structure: A new Phillips curve. Global & Local Economic Review 17 (2): 5–19.

Texto original em inglês disponível aqui.

Resumo

Existem várias teorias econômicas sobre a relação inerente entre emprego e inflação, assim como as conexões com outras variáveis econômicas.

A hipótese clássica propõe uma relação entre a taxa de variação da parcela salarial e o desemprego. A curva de Phillips original demonstra que os salários monetários aumentam de maneira não linear quando o desemprego está abaixo de certos níveis críticos e caem de maneira semelhante quando o desemprego está acima desse nível. Além disso, vários estudiosos demonstram através de análises empíricas tal relação para diferentes séries temporais. Este artigo apresenta um estudo sobre dados dos EUA considerando dados de emprego e variação salarial de maneira diferente e mais eficiente. Mudanças significativas são destacadas nos períodos históricos considerados.

1. Introdução

A economia Pré-Keynesiana era caracterizada pela noção familiar de equilíbrio simultâneo em todos os mercados, incluindo o pleno emprego dos trabalhadores no mercado de trabalho. Supunha-se que todos os preços funcionassem apenas como variáveis que ajustam o mercado. Essa atribuição também se estendia ao mercado de trabalho, no qual salários reais competitivos eram considerados apenas como variáveis de ajuste do mercado de trabalho, tendo como única função manter o pleno emprego. Os trabalhadores, sem dúvida, negociavam por salários reais para alcançar um padrão de vida, mas no final o padrão de vida que obtinham era aquele que garantia seu próprio pleno emprego. Em uma economia perfeitamente competitiva, a luta entre trabalho e capital não desempenhava papel na determinação do salário real de equilíbrio (Shaikh, 2003, p. 129-132; Snowdon e Vane, 2005, pp. 37-54).

Keynes também se baseou em mercados competitivos, já que acreditava que mesmo a "concorrência atomística" poderia resultar em desemprego persistente (Leijonhufvud, 1967, p. 403) [1]. No entanto, em seu caso, as negociações salariais e as lutas trabalhistas desempenhavam um grande papel. Ele estava bem ciente da alegação neoclássica de que o desemprego reduziria o salário real, aumentaria a lucratividade e, assim, levaria o sistema de volta ao pleno emprego. De fato, após a publicação da Teoria Geral, ele admitiu que o desemprego persistente corroeria não apenas os salários monetários, mas também os salários reais (Bhattacharjea, 1987, pp. 276-279), de modo que, eventualmente, a lucratividade, o investimento, a produção e, portanto, o emprego aumentariam. No entanto, no ínterim, em uma sociedade caracterizada por negociações salariais descentralizadas, cada redução salarial teria que ser disputada localmente, o que resultaria em "lutas inúteis e desastrosas" que não poderiam ser justificadas sob argumentos sociais (Snowdon e Vane, 2005, p. 66, citando Keynes). Portanto, ele argumentou que em uma crise seria muito melhor que o Estado se engajasse em políticas fiscais para aumentar diretamente a demanda agregada e o emprego.

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