quarta-feira, 18 de junho de 2025

Mega Resumo - Cap. 12

12.2. Estimativas empíricas de perfis de preço por idade com base em preços de ativos usados

12.2.1. Conceito

Estudos econométricos sobre depreciação utilizam observações de preços de ativos novos e usados ao longo de vários períodos. A maioria das abordagens remonta ao trabalho de Hall (1971), que propôs um modelo econométrico de funções de preço por geração (vintage). De forma simplificada, esses modelos podem ser caracterizados da seguinte maneira:


Observações sobre os preços de uma determinada classe de ativos são diferenciadas pela idade n do bem de capital, pela sua geração (ou seja, um modelo específico, descrito por um conjunto de características v) e pelo momento da compra t. O coeficiente μ nessa regressão fornece uma estimativa da variação média de preço da classe de ativos em questão, controlando-se a idade e as características dos modelos incluídos na amostra. Em outras palavras, μ é uma estimativa de um índice de preços de qualidade constante para ativos novos, exatamente o tipo de índice de preços utilizado no contexto da deflação do investimento como etapa inicial na construção de medidas de estoque de capital.

O coeficiente β, associado à variável idade, representa a variação percentual dos preços quando a idade aumenta em uma unidade, mantendo-se constantes as características e o tempo. O efeito econômico medido por β corresponde ao que alguns autores chamam de “degradação” (ver Triplett 1998 para discussão), ou seja, a perda de valor decorrente do desgaste físico conforme o bem de capital é utilizado e envelhece. Trata-se de um efeito puramente relacionado à idade, pois é mensurado mantendo-se constantes as características de qualidade. Ativos usados são vendidos com desconto quando os compradores não conseguem avaliar com precisão a qualidade dos bens oferecidos e presumem que os vendedores estão tentando se desfazer de ativos defeituosos.

O coeficiente γ capta os efeitos das características do produto, ou seja, a influência da qualidade do bem sobre os preços. A obsolescência está diretamente associada às características do produto: um novo modelo de uma determinada classe de ativos pode apresentar novas funcionalidades ou maior intensidade de certas características em relação a um modelo antigo, o que tende a reduzir o preço dos modelos antigos, mesmo que estes não tenham sofrido nenhuma alteração física. Como a obsolescência esperada é considerada parte da depreciação nas contas nacionais, os efeitos relacionados à obsolescência devem estar refletidos nas medidas de depreciação. No entanto, como demonstrou Oliner (1993), quando os dados de investimento são deflacionados por índices de preços de qualidade constante — como é normalmente feito —, apenas o coeficiente β deve ser utilizado como base para estimativas empíricas das taxas de depreciação, uma vez que a variação de qualidade já foi capturada pelo deflator de qualidade constante.

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