segunda-feira, 28 de outubro de 2024

Indicadores de Financeirização - Dr. Abdilcelil KOÇ

KOÇ, Abdilcelil. Political Economy of Financialization and Its Measuring: Indicators of Financialization in OECD Countries. 1. ed. London: IJOPEC, 2021.

INDICADORES DE FINANCEIRIZAÇÃO NOS PAÍSES DA OCDE

Nesta seção, os 'Indicadores de Financeirização nos países da OCDE' foram considerados sob quatro títulos principais: Financeirização das economias nacionais, Financeirização do setor financeiro, Financeirização do setor não financeiro e Financeirização das famílias (Figura 6).

Figura 6: Principais Componentes da Financeirização nos Países da OCDE

No período de financeirização, a característica mais chamativa nas economias nacionais é que os mercados financeiros se estabelecem no cerne de toda a economia. Desenvolvimentos momentâneos formados nos mercados financeiros têm sido acompanhados de perto, minuto a minuto, dentro das fronteiras nacionais e em escala global. Esses desenvolvimentos impactaram os processos decisórios dos governos. Declarações feitas principalmente por importantes atores políticos sobre qualquer assunto provocam grandes oscilações nos mercados financeiros, ou esses atores políticos são obrigados a fazer declarações diferentes para amenizar as flutuações nos mercados financeiros (Tonak, 2007).

Os mercados financeiros, cujos tipos aumentam gradualmente e apresentam uma estrutura complexa, desempenham uma função que penetra toda a economia ao se instalar no centro da economia no período de financeirização. Os atores mais importantes desses mercados são as instituições públicas que proporcionam poupança de capital e as instituições financeiras privadas, que realizam transações em mercados que desempenham uma missão em escala nacional e internacional e realizam funções de organização e controle.

Ao observar os mercados, jogadores globais obtêm altos rendimentos nas geografias de seu interesse fazendo especulações simultaneamente. Os principais mercados em várias regiões são: mercados monetários e cambiais, mercados de capitais (bolsas de valores), mercados de contratos futuros e mercados de commodities onde se compram e vendem minérios preciosos, petróleo e produtos agrícolas. Houve muitas diversificações nas instituições financeiras que transacionam nesses mercados. Além das instituições financeiras tradicionais, empresas holding, bancos de depósito e de investimento e seguradoras têm voltado a trabalhar de maneira mais voltada ao mercado, assumindo novas funções e com a financeirização. Além disso, empresas de financiamento ao consumidor, firmas de leasing e factoring e instituições de cartões de crédito são predominantemente instituições que surgiram com a financeirização. Além dessas, instituições de previdência pública e privada, fundos de pensão individuais, fundos de investimento privados e empresas de gestão de portfólio detêm uma quantidade considerável de fundos. Esses fundos realizam bilhões de dólares em transações continuamente nos mercados financeiros de diferentes regiões do mundo.

Embora esses fundos tenham sido negociados primariamente nos mercados dos países centrais, com o processo de liberalização financeira após 1980, eles conquistaram liberdade de movimentação em escala global com o apoio do FMI e do Banco Mundial. Assim, aumentaram seus lucros financeiros ao entrar nos mercados dos países periféricos, chamados de ‘mercados emergentes.’

Esses países começaram a oferecer diversas facilidades e incentivos ao capital internacional. Enquanto eram chamados de ‘Países Subdesenvolvidos’ nos anos 1960, 1970 e até mesmo em 1980, passaram a ser chamados de ‘Países em Desenvolvimento’ a partir dos anos 1990. Esses fundos começaram a fazer investimentos sérios nos ‘Mercados Emergentes.’ Esses investimentos às vezes se davam na forma de compra de grandes empresas públicas (como Telecom) por meio de privatizações ou de investimentos de portfólio, chamados de ‘fluxo de dinheiro quente.’ Principalmente nesses países, onde os programas de estabilização do FMI foram implementados, os períodos em que a estabilização política e macroeconômica foi relativamente alcançada; a entrada de capital aumentou em conjunto com a elevação de notas das agências de classificação de risco internacionais. Como resultado do apoio difundido da mídia nacional e internacional, aumentos significativos nos preços das ações foram observados nos mercados de ações desses países através de fluxos de caixa positivos, já que os mercados desses países são relativamente rasos. Esses fundos levam à formação de bolhas financeiras, chamadas de rally, permanecendo por longos períodos nos mercados financeiros desses países. Esses fundos aumentam a acumulação de capital, proporcionando lucros significativos nos mercados financeiros desses países. Contudo, com o tempo, surgem problemas de estabilidade política nesses países, o endividamento com base em déficits comerciais aumenta e ocorrem vulnerabilidades econômicas com base no risco cambial.

Com o aumento do risco no país, devido à saída de capital estrangeiro, ocorrem graves crises financeiras como consequência do abalo dos equilíbrios macroeconômicos na economia nacional. Como uma característica da financeirização, a crise financeira em um país simultaneamente se espalha para outros países. Praticamente não há países periféricos que não tenham passado por essas práticas após os anos 1990 (BSB, 2011); (Boratav, 2016 e 2020); (Yeldan, 2009).

4.1 A Mudança da Acumulação de Capital da Indústria para as Finanças

Foster (2010) identifica a financeirização como uma mudança no mecanismo de acumulação de capital do capitalismo, saindo da produção e se direcionando para as finanças. Assim, essa mudança é amplamente aceita como um indicador significativo da financeirização.

A Figura 7 mostra as participações dos setores de Finanças, Seguros e Imóveis (FIRE) e da indústria de manufatura no valor agregado total, com base em países da OCDE. A Tabela 1 apresenta os coeficientes de correlação entre essas duas variáveis para cada país. De acordo com essa tabela, em 25 países da OCDE, encontrou-se uma relação significativa e negativa entre essas duas variáveis. Em 3 deles, foi encontrada uma relação positiva e significativa, enquanto em 8 países não se observou significado. Em média, nos países da OCDE, verificou-se uma relação significativa e negativa. Enquanto a participação do setor FIRE no valor agregado total aumenta na maioria dos países, a participação da indústria de manufatura diminui.

Figura 7: Valor Adicionado de Finanças, Seguros e Imóveis (FIRE) e da Indústria de Manufatura: 1970-2018 (% de participação no valor agregado total)


Tabela 1: Coeficientes de Correlação de Pearson Entre a Participação dos Setores FIRE e de Manufatura no Valor Agregado Total


De forma semelhante, a Figura 8 apresenta a média da OCDE para essas duas variáveis. Os países incluídos no cálculo da média da OCDE são: entre 1970-1975; Coreia, Países Baixos, Noruega, França e Dinamarca; entre 1975-1980; Áustria e Finlândia; Suécia foi incluída em 1980, e os Estados Unidos em 1997. Entre 1990 e 2018, todos os países da OCDE foram incluídos. Entre 1970-2018, enquanto a participação da indústria de manufatura no valor agregado mostrou uma tendência de queda, ao contrário, a participação do setor FIRE apresentou uma tendência contínua de alta.

Figura 8: A Proporção do Valor Agregado dos Setores FIRE e da Indústria de Manufatura no Valor Agregado Total


A Figura 9 mostra a razão entre o valor agregado do setor FIRE e o valor agregado da indústria de manufatura. Um dos pressupostos críticos da financeirização é que o amplo setor financeiro, considerado como FIRE, está em crescimento no longo prazo em relação à indústria de manufatura. Nesse sentido, a tendência de longo prazo dessa variável é significativa. Conforme mostrado no gráfico, a média da OCDE para essa variável apresentou uma tendência de alta significativa entre 1970-2018. Essa razão aumentou de 0,46 em 1970 para 0,52 em 1980. A tendência de alta continuou até a crise de 2009. Após esse índice atingir 1,15 em 2009, iniciou-se uma tendência de queda, chegando a 1,12 em 2017. Esse índice aumentou 2,21 vezes entre 1980 e 2009. Como a tendência de longo prazo dessa variável apoia a tese de financeirização, ela é adequada para medir financeirização. Portanto, essa variável é incluída como a variável número 1 no modelo.

Figura 9: A Razão entre o Valor Agregado de FIRE e o Valor Agregado da Manufatura


Figura 10: A Razão entre o Valor Agregado de Finanças e Seguros e o Valor Agregado da Indústria de Manufatura



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