quarta-feira, 17 de maio de 2023

Questões em debate: variações na velocidade de circulação da moeda, na oferta de moeda, no produto e no nível de preços

Discussão acerca das variações na velocidade de circulação da moeda, na oferta de moeda, no produto e no nível de preços.

Indivíduo A: 

Se eu imprimir moeda, e a velocidade do meio circulante aumentar, é claro que a dinâmica de preços permanecerá a mesma.

Felipe Borti (FB): 

Se a velocidade de circulação da moeda aumentar, juntamente com a oferta de moeda, a tendência é de aumento dos preços, por 2 motivos: I) desproporção entre setores produtores de insumos na economia e II) inelasticidade da produção em países com escassez de capital. A equação (que na verdade é apenas uma identidade macroeconômica) M * V = P * Y, sendo M = meios de pagamento, V = velocidade de circulação da moeda, P = nível geral de preços e Y = produto agregado real da economia. Alterando M e V, sendo Y inelástica, a tendência é de pressão inflacionária (que ocorre mesmo com certa capacidade ociosa, por conta da desproporção setorial)

Indivíduo A: 

Impossível.

Se a oferta da moeda aumentar junto com a velocidade do meio circulante, evidentemente, o sistema permanecerá o mesmo de antes.

A retenção de um recurso de uma empresa, está alinhado com a velocidade do meio circulante, já que a velocidade do meio circulante é proporcional a totalidade dos bens físicos.

M.V = P.T 

V/P = T/M

Felipe Borti (FB): 

Não, amigo. Isso é básico na economia monetária. Vamos ao exemplo numérico

M = meios de pagamento;

V = velocidade de circulação da moeda;

P = nível geral de preços;

Y = produto agregado real.

M = 100 

V = 4

Y = 40

P = 10

M * V = P * Y

100 * 4 = 40 * 10 = 400

Agora vamos dobrar os valores de V e M, ou seja, a velocidade de circulação da moeda e os meios de pagamento e substituir na equação V/P = Y/M.

M = 200

V = 8

Y = 40

P = 10

8/10 ≠ 40/200

Então é evidente que haverá alterações para voltar à identidade macroeconômica básica.

A: 

Mas aí você colocou como se os aumentos fossem diferentes.

E você não disse isso.

Felipe Borti (FB): 

Proporcionais

Dobrei a velocidade de circulação da moeda e dobrei também a oferta de dinheiro

Indivíduo A: 

Mas aí tu tem que fazer o mesmo do outro lado, não ?

Não faz sentido dobrar em um lado só, numa igualdade.

Se é proporcional.

Felipe Borti (FB): 

Não dobrei só de um lado, dobrei só as variáveis que estávamos discutindo (V e M) para ver que isso vai impactar as demais variáveis (P e Y) e que o sistema não pode permanecer igual, os preços não só mudam como TEM que mudar, principalmente quando consideramos Y inelástico

A:

Mas como a velocidade do meio circulante vai aumentar com o mesmo número de produtos em circulação ?

Isso não tem sentido lógico não.

Você tem que aumentar proporcionalmente dois lados.

Felipe Borti (FB): 

A velocidade de circulação da moeda varia bastante inclusive (é inclusive a crítica que os pós-keynesianos fazem aos monetaristas), enquanto o produto real é mais inelástico devido ao fatores que citei: I) desproporção entre setores e II) escassez de capital

A:

Como que o produto real é menor e a velocidade do meio circulante é maior ?

Não consigo conceber fisicamente isso.

E=MC²

Não tem como você multiplicar a energia por 2 sem multiplicar o M por 2.

Usando um exemplo de proporcionalidade.

Estou falando namoral.

Na minha cabeça eu não consigo entender.

Parece que tu manipulou a conta sem levar em conta a proporcionalidade inerente das variáveis.

Felipe Borti (FB): 

Em economias com altas taxas de inflação e com estagnação econômica isso ocorre sempre. A velocidade de circulação da moeda aumenta (pois as pessoas compram mais rápido para fugir da desvalorização da moeda), enquanto o produto, por conta da estagnação econômica, permanece inelástico (ou até diminui). A velocidade de circulação da moeda e o produto real são conceitos distintos e podem evoluir independentemente um do outro. O aumento da velocidade de circulação da moeda não implica necessariamente em uma mudança no produto real, mas sim na forma como o dinheiro é gasto e utilizado na economia.

Indivíduo A: 

Então, como você vai ter uma troca de mercadoria sem moeda ?

Por que a velocidade do meio circulante necessariamente está ligado ao Quantum de mercadorias trocas.

Uma coisa é um produto fora de circulação, outra coisa é um produto em circulação.

Então, mas aí tu está negando a própria fórmula.

Pois aí no caso, V não seria proporcional ao T, como se apresenta na fórmula.

É uma questão de lógica formal.

Felipe Borti (FB): 

É claro que está ligado, mas não proporcionalmente. De novo voltamos à equação: M * V = P * Y. O aumento de M e V requer um aumento no resultado da multiplicação de P por Y. Se Y não mudar, a identidade macroeconômica permanece viva (até pq é um identidade), basta que P aumente de modo a igualar M' * V' = P' * Y.

Indivíduo A: 

Não cara.

Kkkkkkkk.

Matemática básica.

Felipe Borti (FB): 

Isso é economia monetária básica, amigo...

Indivíduo A: 

Amigo, tu pode falar o que tu quiser.

v e y são proporcionais.

Segundo essa conta

Você negar isso é negar a própria fórmula que está usando

V/P é igual a Y/M

v e y são proporcionais

V e M são inversamente proporcionais

Você nem poderia aumentar os dois ao mesmo tempo

Isso não faz sentido

Felipe Borti (FB): 

M = meios de pagamento;

V = velocidade de circulação da moeda;

P = nível geral de preços;

Y = produto agregado real.


M = 100 

V = 4

Y = 40

P = 10

M * V = P * Y

100 * 4 = 40 * 10 = 400 ou 

Agora vamos dobrar os valores de V e M, ou seja, a velocidade de circulação da moeda e os meios de pagamento e substituir na equação V/P = Y/M.

M = 200

V = 8

Y = 40

P = 10


8/10 ≠ 40/200


Essa forma está errada pois eu segui o postulado de que “o sistema permaneceria sem alterações”, para mostrar que isso é falso e que a identidade macroeconômica não batia.

Forma correta, considerando Y inelástico (constante). Tem-se:

M = 200

V = 8

Y = 40

P’ = ?

8/10 = 40/P’

P = 50

Ou seja, o sistema não permanecerá como estava. Os preços passam de P = 10 para P’ = 50.

Eu dou aula da matemática, cara. Menos...

Indivíduo B: 

Como V e Y são proporcionais? Estão em lados diferentes da equação

Indivíduo A: 


FB: 

Amigo, V e M não só aumentam ao mesmo tempo, como o próprio aumento de V GERA a necessidade de aumento de M. Teoria monetária pós-keynesiana básica

B: 
Como se contabiliza esse "tempo"? Na igualdade direta, se A=B, e procedemos a (X)A=B(X), então A e B procedem X ao mesmo tempo?

FB: 
Basta fazer uma manipulação algébrica da equação que você encontra

Indivíduo A: 

O fato de tu falar básico, não muda em nada o argumento.
Apenas pra avisar.

Felipe Borti (FB): 

Mas é básico, amigo. Isso se aprende nas primeiras aulas de um curso de economia monetária, o problema é discutir algo que não se domina

Indivíduo A: 
Cara, primeiro.
Essa teoria não se restringe ao keynesianismo.

Felipe Borti (FB): 

Estou tratando de identidade macroeconômica. Independe de teoria, amigo. É uma identidade macroeconômica

Indivíduo A: 

Inclusive, em Marx já existe uma reflexão acerca disso.
Um estabelecimento mais preciso inclusive, do que sua apresentação.
Segundo.
Você está negando a proporcionalidade de duas variáveis proporcionais na equação.

Felipe Borti (FB): 

Identidades macroeconômicas existem independente de autor. Keynes ou Marx poderia não ter nascido, que todas as identidades macroeconômicas seriam as mesmas.
O que se discute é a relação entre as variáveis, não a identidade

Leia o exemplo numérico que eu mandei, amigo. Não tô falando algo novo ou tirando da cabeça. Como eu disse, isso é algo que se aprende nas 3 primeiras aulas de um curso de economia monetária

Indivíduo A: 

Certo, mas você está entrando em várias contradições, o que deixa tudo absolutamente confuso.

O seu exemplo numérico não faz sentido.
Seria como você escolher os números artificialmente para chegar nos resultados que você deseja, aumentar duas vezes um lado e não aumentar o outro é totalmente errado.
Contradição, inclusive, no momento que afirma ser uma questão transcendente ao pós keynesianismo, mas ter afirmado que eu não domino tal matéria e por isso, não tenho esse conhecimento.
Uma contradição lógica.

Felipe Borti (FB): 

Só existe relação direta de proporcionalidade entre M e Y se as demais variáveis na equação quantitativa da moeda forem fixas (constantes). Caso contrário, não há relação de proporcionalidade direta entre essas variáveis. Como vc mesmo disse, é matemática básica...

Indivíduo A:  

Não é M e Y, é V e Y.

Felipe Borti (FB): 

Independente. Também não há
Não se as demais não foram constantes

Indivíduo A: 

Mas então, isso nega a matemática básica.

Felipe Borti (FB): 

Não. Absolutamente não.

Indivíduo A: 

Você multiplicou um lado e manteve o outro constante.
Se ambos são iguais, não tem sentido multiplicar um lado e deixar o outro constante.

Felipe Borti (FB): 

Claro que não. P variou de 10 para 50

Indivíduo A: 

Mais uma vez.
Você não pode multiplicar 2 vezes M e V e depois manter P e Y constantes, isso é uma contradição a própria fórmula.
Você estaria inventando uma nova fórmula.

Felipe Borti (FB): 

Amigo, P não está constante

Indivíduo A: 

Seria 2M x 2V = P x T.
Ai suas contas estariam corretas.
Enfim, você já entendeu o erro que tu cometeu, só não vai admitir.

Felipe Borti (FB): 

M = meios de pagamento;
V = velocidade de circulação da moeda;
P = nível geral de preços;
Y = produto agregado real.

M = 100 
V = 4
Y = 40
P = 10

M * V = P * Y
100 * 4 = 40 * 10 = 400

Agora vamos dobrar os valores de V e M, ou seja, a velocidade de circulação da moeda e os meios de pagamento e substituir na equação V/P = Y/M.

M’ = 200
V’ = 8
Y = 40
P’ = ?


Considerando Y inelástico (constante). Tem-se:

M = 200
V = 8
Y = 40
P’ = ?

8/10 = 40/P’

P = 50

Ou seja, o sistema não permanecerá como estava. Os preços passam de P = 10 para P’ = 50.
P inicial = 10 e P' (P final) = 50.

Indivíduo A: 

Y tem que aumentar duas vezes.

Felipe Borti (FB): 

Óbvio que não

Indivíduo A: 

Óbvio que sim.
A fórmula diz isso.
Como não tem que aumentar duas vezes ?

Felipe Borti (FB): 

Pelo amor de Deus, cara. A fórmula não diz não

A: 

Se tu multiplicou as duas variáveis de um lado por dois.
Tu tem que multiplicar as do outro  lado também

Felipe Borti (FB): 

Amigo, a variação de P compensa os efeitos da variação de V e de M.
E por isso a identidade macroeconômica se mantém

Indivíduo A: 

Cara, você não está entendendo que isso é matematicamente errado.
Mas beleza.
Não vou mais insistir na mesma tecla.

Felipe Borti (FB): 

Não, amigo. Não é. Já te disse que Só existe relação direta de proporcionalidade entre V e Y se as demais variáveis na equação quantitativa da moeda forem fixas (constantes). Como as variáveis não são fixas, não existe essa sua relação direta

Mas ok, não precisa confiar em mim, já que aparentemente eu dou aula da matemática sem saber matemática básica rs. Aqui tem outros economistas que provavelmente ao verem a discussão vão comentar e reafirmar o que disse, visto que todo estudante de economia vê isso no curso. Deve ter matemáticos que também podem confiar [confirmar] o óbvio, mas enfim



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